Nove mil famílias da Chibia passam a consumir água potável
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A conclusão da construção de novos Sistemas de Captação, Tratamento e Distribuição de Água nas sedes municipais da Chibia e da Matala permite reforçar o abastecimento de água, em quantidade e qualidade, para um universo de 17 mil famílias nos dois municípios.
Na Chibia, a nova ETA, com capacidade para bombear 160 metros cúbicos/hora, começou a funcionar no dia 7 de Novembro e permite que nove mil famílias da sede municipal passem a consumir água potável a partir das próprias casas. Estas vieram juntar-se aos dois mil agregados que já beneficiavam da ETA herdada do período colonial, que bombea, apenas, 40 metros cúbicos.
Uma das primeiras beneficiárias da água da nova ETA da Chibia é Rosa da Silva, 32 anos, residente no bairro Amílcar Cabral, que recebeu o contrato com a Empresa Municipal de Águas das mãos do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.
“Estou muito satisfeita, não tenho palavras para expressar a alegria de ver a água jorrar na torneira da minha casa, visto que, antes, tínhamos que acarretar a água do chafariz e não passava com regularidade. Para não lembrar do tempo em que fomos obrigados a ir às cacimbas e chimpacas para consumir água imprópria que nos causava disenteria e febre tifóide. Mas, felizmente, agora as coisas mudaram e já temos água ao domicílio”, afirmou.
A reportagem do Jornal de Angola ouviu, também, Armando Nangolo, 31 anos, que na mesma ocasião recebeu o contrato da Empresa Municipal de Águas. Armando Nangolo referiu que os habitantes da Chibia têm muitos motivos para estarem felizes com o acesso à água potável a partir das respectivas residências, um sonho que se concretiza depois de longos anos de espera e sevícias consentidas na busca do precioso líquido em cacimbas e chimpacas.
“Como primeiros beneficiários deste projecto a nível da Chibia, estamos todos de parabéns. Imagina que agora temos água 24/24 horas, ao contrário do passado em que recebíamos, apenas, das seis às dez horas. E, como colocaram contadores pré-pagos, vamos procurar pagar com regularidade as nossas contas e cuidar dos equipamentos”, prometeu.
Numa outra casa do bairro Amílcar Cabral, na sede municipal da Chibia, o Jornal de Angola avistou a anciã Joana Mualipo, 65 anos, que, na companhia da neta, não parava de olhar a torneira onde corria água para uma banheira. Parecia atónita e incrédula.
“A água sempre foi uma dor de cabeça nesta região que tem sido afectada de forma cíclica pela seca, ao ponto de chegarmos a disputar a água da cacimba e chimpacas com o gado bovino. Hoje, ao ver água limpa a jorrar na minha torneira, está difícil acreditar”, desabafou a anciã, elevando as mãos ao céu em sinal de agradecimento pela prenda do mês em que o país comemora 49 anos de Independência.
Um grande ganho
A entrada em funcionamento da nova ETA na região constitui um grande ganho, porque aumenta o número de famílias com acesso à água potável, segundo o administrador municipal da Chibia, Sérgio Cunha Velho.
O responsável notou, contudo, que ainda existem 2.200 famílias que ficaram de fora.
“Estamos satisfeitos com a entrada em funcionamento desta nova ETA, porque mais famílias passam a beneficiar de água nas suas casas com a qualidade desejada. Agora, os técnicos do sector foram incumbidos pelo ministro João Baptista Borges a fazer um levantamento do equipamento necessário para que as 2.200 famílias do bairro Yoba, que ficaram de fora, também sejam beneficiadas. Assim poderei ficar descansado”, disse.
A Chibia, prosseguiu, faz parte da região do Sul de Angola afectada pela seca, situação que dificulta o normal funcionamento dos 172 pontos de água espalhados pelas comunas do Jau, Capunda Cavilongo e Quihita.
“Por falta de acessórios, tivemos que substituir 32 furos a volante por submersíveis com painéis solares, com o apoio de Organizações Não Governamentais que atendem entre 60 a 70 famílias de três comunas do município. O que preocupa é que, sem chuvas, os aquíferos não são abastecidos e, assim, as bombas ficam sem água para abastecer as populações”, lamentou.
De salientar que a ETA da Chibia é abastecida a partir da barragem das Gangelas, com um ramal de seis quilómetros de comprimento, com dois tanques para armazenamento, cada um com capacidade para armazenar 700 metros cúbicos, perfazendo um total de 1400 m³.
ETA da Humpata fica concluída em Dezembro
Enquanto no município da Chibia parte da população pula de alegria pelo acesso à água potável ao domicílio, na Humpata, apenas em Dezembro deste ano a água chega a 1.405 residências, cobrindo 7.035 habitantes da sede municipal.
Localizado a 22 quilómetros da cidade do Lubango, o município da Humpata conta com 36 mil habitantes, mas existem, apenas, 220 ligações domiciliares que cobrem três mil famílias, uma situação que vai ser alterada com a entrada em funcionamento da nova Estação de Tratamento de Água (ETA), com capacidade instalada para produzir 160 metros cúbicos/hora.
A administradora municipal da Humpata, Rita Soma Miranda, destacou que a população daquela municipalidade aguarda com expectativa pelo início da distribuição de água ao domicílio, uma boa nova que vai chegar na quadra festiva.
“A entrada em funcionamento da nova ETA será um ganho bastante grande, visto que, neste momento, dependemos de duas nascentes, nomeadamente a do Hongo, que está a secar, e a nascente das serpentes. Para além das nascentes, temos dois furos artesianos que têm sido a fonte principal para atender a comuna sede. Mas, ainda é muito apertado, razão pela qual clamamos por mais furos, para além do sistema que vai entrar em funcionamento em Dezembro”, apelou.
Para António Pedro, 42 anos, residente na sede municipal da Humpata com os filhos, o acesso à água ainda tira o sono das famílias locais, mas espera pela solução que chega em Dezembro, para permitir que centenas de famílias passem a consumir água potável ao domicílio pela primeira vez.
“Todos os dias pegámos baldes e banheiras para procurar água nos quintais onde existem cacimbas. Mas a água destas cacimbas precisa ser fervida ou desinfectada com lixívia para ser consumida. Agora que sabemos que em Dezembro teremos água nas torneiras, estamos muito felizes. Gostaria que, realmente, este sonho se tornasse realidade”, augurou.
De salientar que a ETA da Humpata é abastecida a partir da barragem das Neves, num ramal de 22 quilómetros. A nova ETA possui capacidade para bombear 170 metros cúbicos/hora e vai permitir que sejam feitas sete mil ligações domiciliares.
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