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Familiares de mãe e filha mortas em clínica de Luanda aguardam pelas autópsias

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Oito dias depois da morte da jovem Daniela Zeferino, de 30 anos, por suposta negligência médica, durante o parto, os familiares continuam a aguardar a realização da autópsia para fazerem o funeral, disse, terça-feira, ao Jornal de Angola a mãe da malograda.

Maria Francisco adiantou que a filha deu entrada no passado dia 12 na Clínica Santa Marta, em Luanda, para a realização do parto da primeira filha, que também foi a óbito. Na unidade sanitária, disse, a jovem foi atendida por um médico que decidiu forçar o parto.
“Ela não tinha dores, mas de acordo com os exames já era a data provável do parto. Por isso o médico aconselhou-nos a provocar o mesmo”, explicou, acrescentando que na clínica uma das enfermeiras, sob supervisão do médico, administrou um comprimido na paciente e algumas horas depois deu outro. Mas a situação continuava na mesma.
“O médico ausentou-se por volta das 18h00 e quando eram 21h00 a enfermeira aplicou uma injecção à minha filha, que a deixou completamente modificada e com muita dor”, conta a mãe de Daniela Zeferino.
A partir daquele momento, acrescentou, a filha passou a apresentar um quadro clínico grave. “O médico chegou por volta das 23h30 e algum tempo depois a minha filha foi transferida para a Maternidade Lucrécia Paim, onde 15 minutos depois nos foi dada a notícia do óbito”, lamentou.
Médico detido
O porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) anunciou, ontem, a detenção de um cidadão, de 52 anos, médico-cirurgião e funcionário da Clínica Santa Marta, suspeito do crime de homicídio negligente.
Fernando de Carvalho destacou que o suspeito da morte de Daniela Zeferino já foi presente ao Ministério Público para a legalização da sua detenção.
O Jornal de Angola procurou explicações junto da direcção da Clínica Santa Marta, em Luanda, mas as pessoas contactadas se recusaram a prestar depoimentos sem uma autorização superior. O advogado da instituição sanitária garantiu que até às 13h00 de ontem seria emitido uma nota de esclarecimento sobre o facto, mas até a edição deste trabalho todas as tentativas de contacto com o mesmo foram mal sucedidas.
Saúde ordena inquérito
O Ministério da Saúde, por meio de um comunicado de imprensa, avançou que, face à ocorrência e às eventuais circunstâncias em que aconteceram as mortes, foi criada uma comissão de inquérito multidisciplinar para apurar as causas da tragédia.
O documento realça que o Ministério tudo fará a fim de esclarecer com transparência os casos e responsabilizar os presumíveis prevaricadores, assim como promete colaborar com as instituições afins para eventual responsabilização ético-deontológica, civil e criminal dos supostos autores.
Além de lamentar o falecimento da parturiente e do recém-nascido, o Ministério da Saúde endereça, igualmente, à família enlutada os sentimentos de solidariedade e de profundo pesar pelo infausto acontecimento.
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