Igrejas enaltecem indulto decretado pelo Presidente
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As 16 denominações filiadas na Aliança Evangélica de Angola (AEA) manifestaram, ontem, em Benguela, reconhecimento e apoio à iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, de decretar indulto a 51 angolanos condenados a penas de prisão.
A medida, interpretada como um gesto de perdão e misericórdia, foi considerada pelas lideranças religiosas como um marco de compaixão e humanidade durante o culto de acção de graças dos 50 anos de existência da Aliança, decorrido no Pavilhão Gimnodesportivo do Estrela Clube 1.º de Maio, na cidade de Benguela.
A AEA destacou que o acto do Presidente João Lourenço reflecte valores fundamentais de reconciliação e justiça social, alinhando-se aos princípios cristãos de perdão e restauração.
Os líderes das denominações reforçaram, também, a importância de acompanhar os beneficiados com programas de reintegração social, para que possam reconstruir as vidas de forma digna e produtiva.
O presidente da Aliança Evangélica de Angola (AEA), reverendo Francisco Domingos Sebastião, disse que a iniciativa presidencial, que chega num momento de reflexão para o país, é encarada como um gesto simbólico de esperança e um convite à sociedade para trabalhar em prol do bem comum e da inclusão social.
“Quanto ao indulto, nós, igreja, aplaudimos o Presidente da República, João Lourenço, que deu um passo muito importante, não somente uma demonstração na pacificação dos espíritos e de unidade do próprio país, mas, acima de tudo, o gesto sinaliza que a sociedade e o Estado começam a compreender que perdoar é divino. No entanto, Deus abençoe o Senhor Presidente da República, Angola, e que o povo angolano compreenda que estamos a viver uma nova etapa de perdão, em que todos devemos trabalhar juntos para o engrandecimento deste grande país”, sublinhou.
Sobre a preservação dos bens públicos, o reverendo Francisco Domingos Sebastião assegurou que as igrejas e o Estado continuam a trabalhar para que a sociedade angolana compreenda que o bem-estar é a razão da Independência Nacional, é trabalhar para o bem-estar das populações.
O líder religioso reconheceu, ainda, que no meio do conjunto de povos há aqueles que ainda são desavindos, a quem recordou que tudo que é público é de todos e quem “estraga a casa” dele acaba por dormir ao relento.
“Vamos todos proteger a nossa casa, o nosso país, porque não alcançaremos nenhum desenvolvimento se aquilo que fizermos for danificado por aqueles para os quais estamos a edificar”, apelou.
O líder religioso explicou que o culto serviu para celebrar o meio século da Aliança Evangélica de Angola (AEA), demonstrando a alegria pela sua existência durante 50 anos, sem nunca ter falhado na junção dos angolanos, dedicando-se à evangelização, à unidade do corpo de Jesus e ao resgate de almas para Cristo.
A Igreja Cristã em Angola, explicou o reverendo, sobretudo aquelas que são membros da Aliança Evangélica, estão num bom caminho, esclarecendo que no início se começou com pouco menos de 100 mil crentes em todo o país e volvidos estes anos todos, a Aliança Evangélica de Angola conta, actualmente, com mais de seis milhões de membros, o que significa um grande ganho.
“Não nos podemos dar por satisfeitos. Vamos continuar com a nossa missão evangelística, de educar o povo, de ser parceiro do Estado naquilo que é o desenvolvimento social e espiritual”, disse, explicando que o lema da Aliança Evangélica de Angola é “‘unidade no essencial’, que ajuda a implementar o nosso trabalho”.
A Aliança, prosseguiu o reverendo, trabalha para aquilo que é o essencial, de modo a que as pessoas possam estar unidas e focalizadas no mesmo objectivo, mas também para que cada um respeite a liberdade do outro.
O reverendo Francisco Domingos Sebastião disse, ainda, que todo o exercício deve ter como primazia o amor, que é o pilar basilar da Igreja Cristã. “Como Igreja e Aliança Evangélica, vamos continuar a trabalhar para que esses três pilares que norteiam o trabalho da Aliança Evangélica continuem a solidificar-se cada vez mais”.
Pensamento positivo
O presidente da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA), reverendo Dinis Eurico Marcolino, membro da Aliança, parabenizou o Presidente da República, João Lourenço, por ter pensado de forma pessoal no indulto.
“Nós agradecemos, porque a liberdade faz falta a todos nós. Por isso, esse indulto para nós, como igreja, interpretamos como um bem e que vai ajudar no reencontro das famílias”, disse, acrescentando que as pessoas abrangidas pelo indulto, pelo tempo que estiveram nas cadeias, já ganharam algum juízo para não voltarem a cometer os mesmos erros, que lhes possam fazer com que voltem a parar novamente na cadeia.
“Está de parabéns não só o Presidente da República, como também Angola, pelos 50 anos de Independência que vamos comemorar no próximo ano”, enalteceu.
O reverendo enalteceu, igualmente, a concretização da Divisão Político-Administrativa, tendo considerado a aprovação e execução da lei um ganho, que vai permitir a aproximação da igreja junto das populações na pregação do Evangelho.
“Interpretamos a nova Divisão Político-Administrativa como uma nova forma de aproximar os serviços junto das comunidades e, ao mesmo tempo, o Evangelho de Jesus Cristo”, disse.
Sobre os 50 anos da Aliança Evangélica de Angola, o reverendo Dinis Marcolino disse que todo o louvor cabe a Deus, que permite a comemoração dos 50 anos da Aliança Evangélica em Angola, sendo a primeira instituição ecuménica mais velha no país.
“Um acto humanístico de louvar”
Para o presidente da Igreja Presbiteriana de Angola, reverendo António Mussati, o indulto decretado pelo Presidente da República, João Lourenço, é um acto humanístico de louvar.
“Nós saudamos a iniciativa do Presidente da República ao conceder o indulto a um grupo de cidadãos que, sobre eles, pesavam penas judiciais por diversas razões”, disse, destacando que o gesto é uma marca positiva no quadro dos 50 anos de Independência, que o país assinala no próximo ano.
“Quando ouvimos o discurso do Presidente da República, saudando os angolanos, no âmbito do novo ano, prometeu que ao longo desse período dos 50 anos de Independência vai conceder indultos a cidadãos nossos, que viram a sua liberdade privada, por conta de situações criminais”, frisou, enaltecendo o facto de o Presidente estar a cumprir com a promessa.
O reverendo António Mussati disse que o acto é de coragem e de bravura, mas, acima de tudo, de cidadania e que se enquadra nas questões humanas.
A coordenadora provincial da Aliança Evangélica de Angola (AEA) em Benguela, Rosa Mututi, disse que o Presidente da República, ao decretar o indulto, cumpriu com um dos mais importantes princípios bíblicos, que é perdoar.
“A palavra de Deus diz que devemos perdoar, para que um dia Deus também nos perdoe. Eu acho que a decisão é positiva, independentemente das circunstâncias e da dor de cada angolano, nós devemos aceitar esse perdão”, disse.
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