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Restos mortais de Sam Nujoma repousam no Memorial dos Heróis

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Os restos mortais do primeiro Presidente da Namíbia, Sam Shafishuna Nujoma, repousam, desde sabado, no Memorial dos Heróis, em Windhoek, 21 dias depois da sua morte, por doença.

A cerimónia fúnebre, testemunhada por chefes de Governo, entre os quais o Presidente da União Africana, João Lourenço, decorreu no Campo Grande do Memorial dos Heróis, localizado a 10 quilómetros a sul do centro da cidade de Windhoek.
Sam Nujoma foi sepultado ao lado do mausoléu em que repousam também os restos mortais do seu sucessor , Hage Geingob, falecido no dia 4 de Fevereiro do ano passado.
Estiveram no funeral de Estado, além do Presidente anfitrião da República da Namibia, Nangolo Mbumba, os estadistas da África do Sul e do Zimbabwe, Cyril Ramaphosa e Emmerson Mnangagwa, respectivamente.
Os Chefes de Estado e de Governo, com realce para o Presidente João Lourenço, bem como os representantes de organizações regionais e o corpo diplomático acreditado naquele país, renderam a última homenagem ao Comandante e líder guerrilheiro da Namíbia, com a deposição da coroa de flores.
Na ocasião, o Presidente da União Africana cumprimentou a viúva de Nujoma, Kovambo Nujoma, e os seus filhos.
Durante a cerimónia, marcada por honras militares, foram lançadas 21 salvas de canhão e um curto desfile aéreo, cujas aeronaves largaram fumaças com as cores da bandeira da Namíbia.
O momento da deposição da urna no sarcófago, foi reservada apenas à família directa do saudoso Presidente e ao bispo da Igreja Evangélica Luterana da Namíbia, que conduziu a oração final para o conforto dos familiares e amigos de Nujoma.
No fim do processo de sepultamento, a viúva, Kovambo Nujoma, apoiada de outras mulheres, dirigiu-se ao sarcófago para jogar um punhado de areia sobre o caixão, ao mesmo tempo em que se despedia do amor da sua vida.
De recordar que o Memorial dos Heróis, ou Heroes’ Acre na sigla inglesa, é um monumento construído em colinas desabitadas que distam 10 quilómetros a sul do centro da cidade de Windhoek.
Longe da azáfama da cidade, o Memorial, além de estar reservado ao sepultamento dos Chefes de Estado namibianos, está igualmente reservado ao enterro de individualidades que deram (dão) o seu contributo em prol do país. O campo santo foi Inaugurado a 26 de Agosto de 2002 para promover um espírito de patriotismo e nacionalismo às futuras gerações.
Um pouco da história sobre a vida de Sam Nujoma
Sam Shafishuna Nujoma nasceu a 12 de Maio de 1929 em Ongandjera, no então território do Sudoeste Africano, sob domínio sul-africano.
O Fundador da Nação namibiana cresceu numa sociedade profundamente segregada e experimentou, em primeira mão, as injustiças do colonialismo, numa época em que eram negados aos indígenas namibianos direitos humanos básicos, terras e oportunidades económicas.
Apesar das limitações impostas pelo sistema colonial, ele prosseguiu os estudos, primeiro na Escola Missionária Finlandesa de Okahao. No entanto, as dificuldades económicas obrigaram-no a abandonar a escola para sustentar a família. Nujoma encontrou trabalho nas ferrovias de Walvis Bay, uma experiência que o expôs à realidade brutal do apartheid. A opressão que testemunhou reforçou a sua determinação de lutar pela liberdade e pela justiça.
O activismo político de Sam Nujoma começou na década de 1950, quando se envolveu em movimentos trabalhistas e nas primeiras organizações nacionalistas. Em 1959, foi co-fundador da Organização Popular de Ovamboland (OPO), a precursora da SWAPO, que visava desafiar a administração ilegal da África do Sul na Namíbia. No mesmo ano, desempenhou um papel fundamental na mobilização da resistência contra as remoções forçadas na antiga localidade de Windhoek, que levaram ao trágico “massacre de Windhoek”
Reconhecendo que a independência não poderia ser alcançada apenas através de protestos pacíficos, Nujoma transformou a OPO na Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO) em 1960.Pouco tempo depois, exilou-se para liderar a luta da Namíbia no cenário internacional.
Sob sua liderança, a SWAPO lançou uma luta armada de libertação em 1966, marcando o início do conflito armado contra a ocupação sul-africana. Do exílio, o “Pai da Nação” tornou-se o rosto do movimento de libertação da Namíbia.
Nujoma viajou extensivamente, garantindo apoio político, militar e financeiro de nações africanas, da Europa Oriental e dos Paises Não-Alinhados. Os seus esforços diplomáticos ganharam o reconhecimento das Nações Unidas, da Organização da Unidade Africana (OUA) e de outras instituições globais, garantindo que a independência da Namíbia continuasse a ser uma questão fundamental na agenda internacional.
Como Comandante- em -Chefe do Exército Popular de Libertação da Namíbia (PLAN), liderou a SWAPO em operações militares estratégicas, continuando as negociações através dos canais diplomáticos. A luta armada intensificou-se ao longo das décadas de 1970 e 1980, com o governo sul-africano a enfrentar uma pressão internacional crescente para renunciar ao controlo da Namíbia.
O avanço ocorreu em 1988, quando foi alcançado um acordo de paz, abrindo caminho às eleições supervisionadas pelas Nações Unidas em 1989. A SWAPO saiu vitoriosa e a Namíbia alcançou finalmente a independência a 21 de Março de 1990.
Relação de fraternidade entre o MPLA e a SWAPO
A vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa, chefiou a delegação do partido no velório e funeral do líder fundador da SWAPO, Sam Nujoma.
Fazem parte da delegação, a secretária-geral da OMA, Joana Tomás, o primeiro- secretário nacional da JMPLA, Justino Capapinha, o nacionalista Roberto de Almeida e o coordenador da Comissão de Disciplina, Ética e Auditoria do Comité Central do MPLA, Pedro Neto e Manuel Augusto, secretário para as Relações Internacionais.
Durante as exéquias do antigo Chefe de Estado namibiano, que teve lugar quinta-feira, na sede da SWAPO, a vice-presidente do MPLA lembrou que aquele partido histórico e o MPLA conduziram as lutas para a libertação dos seus povos e a conquista da Independência, com o sacrifício de muitos dos seus melhores filhos.
“As nossas relações datam desde os primórdios das nossas lutas de libertação, tendo a SWAPO o seu braço armado se estabelecido em Angola, e combatido ao nosso lado, contribuindo para que o país se tornasse unido e indivisível”, destacou.
Mara Quiosa sustentou a sua afirmação parafraseando a célebre máxima do Fundador da Nação angolana, Dr. António Agostinho Neto: “Na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta”.
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