
Escritora Maria João advoga ampla divulgação das obras infanto-juvenis
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A escritora Maria João considerou, terça-feira, “uma data muito importante” o Dia Internacional do Livro Infantil, comemorado a 2 de Abril, embora tenha criticado o facto de ser pouco divulgado a nível nacional.
Em entrevista , a escritora referiu que a questão da literatura infantil, embora seja muito pouco falada, é uma “grande oportunidade” para se perceber que, em algum momento da História de Angola, houve alguma produção de obras infantis.
O programa anual, do Ministério da Cultura, “Jardim do Livro Infantil”, recordou, em que se publicavam livrinhos de bolso para as crianças lerem. “Portanto, acho que esta data pode servir para isso, além de homenagear figuras que têm a ver com a literatura infantil”.
Natural do Lubango, é licenciada em Psicologia da Educação pelo ISCED do Lubango, tendo-se especializado em Teoria do Desenvolvimento Curricular. Escreve desde 1979, tendo publicado a primeira obra em 1990 “A gotinha Rebolinha”, editada pela União dos Escritores Angolanos (UEA).
O 2 de Abril, na sua óptica, é também uma oportunidade de colocar novamente na agenda o assunto de se estimular a leitura, para os petizes, a nível nacional, fazendo com que as crianças leiam sem ser um castigo, “que leiam pelo facto de ser um momento belo, um momento de aprendizagem, um momento de viajar, de aprender novas palavras, de sonhar com aquilo que podem ser as suas vivências”.
A escritora Maria João começou a escrever poesia, porém, a “grande motivação” para entrar ao universo da literatura infanto-juvenil foi o facto de começar a ler muito na infância, em que teve a oportunidade de ler muitos livros cujas mensagens continham muita imaginação, criatividade, e muitos sonhos.
Entre essas obras, lembrou-se da colecção infanto-juvenil “Os Cinco” de Enid Blyton, “que tinha muitas maravilhas, coisas interessantes”.
Não lembra do primeiro poema que escreveu, e abandonou a escrita em versos porque sentia não possuir dom, “achava que não fazia bem”, nem se revia na escrita de poemas, por isso resolveu escrever livros para as crianças. Porém, afirmou não ser escritora, “apenas escrevo livros para as crianças, conto histórias”.
Embora a poesia evoque sentimentos, que para alguns escritores pode ser mais fácil, Maria João defende que esse género literário é mais exigente, carece de bom tratamento, com muito mais rigor literário, “que achava que não tinha tanto assim”.
Outra motivação para escrever contos para crianças deve-se ao facto de ser professora, percebeu que as crianças têm facilidade para lhes oferecer conteúdos para escrever. Além disso, o exercício da escrita começou como uma terapia para ela, uma companhia “que encontrei em momentos difíceis da minha vida”.
Realça que escreve para crianças porque “posso brincar mais”, trazer mais alegria por meio da literatura infantil, e que consegue ter mais imaginação e fantasia do que na poesia. “Ao produzir obras para crianças, me remeto para um universo de fantasias”.
Esta prática de contadora de estórias para crianças ajudou-a a ultrapassar os momentos traumáticos, colocando a imaginação, a criatividade e um pouco a fantasia para suprir um pouco dos problemas que vivia.
Em relação à génese dos contos, nem tudo é ficção, socorre-se de memórias pessoais, do que ouve dizer em conversas de crianças. Centra muito na sua vivência, naquilo que fazem as crianças, no que dizem, e nas atitudes. “Um pouco também pela minha profissão, que é a formação de professores. E isso ajuda a perceber coisas alegres, coisas que, às vezes, as pessoas dizem que não é possível ‘que uma criança pense assim’”.
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