Nguxi dos Santos apresenta preocupações à “Casa das Leis”
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A apresentação do documentário “O contributo dos angolanos na rumba congolesa”, em audiência concedida pelo 1.º vice-presidente da Assembleia Nacional, Américo Kunonoca, ao realizador Nguxi dos Santos, serviu, também, para expor algumas preocupações relacionadas com a promoção e divulgação da produção cinematográfica nacional.
Em exclusivo, Nguxi dos Santos ao falar sobre o encontro realizado na terça-feira, realçou que foi para explicar e apresentar as motivações que o levaram a realizar um documentário sobre a rumba congolesa, que faz parte da nossa cultura nacional.
“A rumba foi registada na UNESCO pela República Democrática do Congo, mas nós (angolanos) temos uma parte da rumba. É assim que produzimos um documentário e que fomos apresentar ao 1.º vice-presidente da Assembleia Nacional para não deixarmos passar outras coisas que vão despercebidamente, porque, afinal, estamos a perder um bocado da nossa cultura”, justificou o realizador.
Nguxi dos Santos alertou para a situação de outras manifestações artísticas, “da mesma forma, temos hoje o semba, kizomba, kuduro e outras coisas que estão a sair de fora para dentro. Ando preocupado com o facto de existir poucos apoios às artes”.
O jornalista defende que o Parlamento deve levar à discussão mais temas relacionados com as artes. “É preciso criar políticas culturais que protejam a nossa identidade e valorizem os criadores nacionais. Reconheço que existem vários povos e culturas, mas é importante que divulguemos e promovemos a nossa cultura para o mundo e as artes podem ser uma arma da diplomacia cultural”.
Ao falar sobre as dificuldades, realçou a falta de financiamento e apoios, que “quase que não há nada para aqueles que trabalham em prol da defesa da cultura nacional de raiz”. É um esforço muito grande e depois temos a não exibição dos nossos trabalhos nas televisões nacionais, estas foram outras preocupações que me levaram ao Parlamento”.
Nguxi dos Santos disse que tem vários documentários editados, como “ O Carnaval de Luanda, Ritmos e tradições”, “A Paz” e “Nkela ya Lusansu” que retrata o Museu de História Nacional todos produzidos este ano.
O realizador aproveitou a ocasião para solicitar que o ajudassem a divulgar os mesmos assim como outras produções nacionais. No final, encorajou as várias iniciativas de jovens produtores que estão a exibir filmes em locais adaptados, porque nem sempre são acessíveis nas salas convencionais.
Realizador e a identidade
Augusto Manuel dos Santos “Nguxi dos Santos” nasceu a 22 de Janeiro de 1960, no município do Nzeto, província do Zaire, é um cidadão com uma longa folha de serviço em prol da cultura angolana e não só.
Este ano é um dos homens das artes e jornalismo que foi condecorado no âmbito dos 50 anos de Independência Nacional com a Medalha de Paz e Desenvolvimento.
Tem na folha de serviços anos de trabalho na Televisão Pública de Angola, período em que realizou e produziu vários documentários, programas e exposições fotográficas, tendo sido por duas vezes vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes.
Também é oficial militar na reserva, como repórter de guerra na TPA entre 1979 e 1989, pertencendo à Direcção Política do Departamento de Cinema FAPLA. Entre 1981 e 1982, filmou a Batalha de Cahama – um conflito entre o exército angolano e o sul africano – e, em 1992, foi um dos repórteres que documentou o conflito pós-eleitoral que ocorreu em Luanda, Huambo, Benguela, Bié e outras zonas.
Em 1987, frequentou um curso de Realização e Produção, orientado por especialistas cubanos. No campo dos documentários audiovisuais, produziu e dirigiu filmes como “Pelo Silêncio das Armas”,“Mamã Muxima”, “O Grande Desafio”, “Um Homem Enterrado Vivo”, “Pessoas e Lugares”, “TPA e Oemutras Histórias”, “A Mística nos Tambores de Joãozinho Morgado”, “Tony do Fumo”, “Os Kiezos” e “Madiata”.
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